sexta-feira, maio 06, 2011

Último

longe a terra estéril
step by step
sem histeria
mas histórias
pra contar
como contos
da carochinha.
a fada, o fado
a foda, o enfado
de livros abertos
a braços fechados.
tenho o chão ao lado
menina alada.
perdi a senha
dos teus sonhos
(vãos)
mas te trago
dentro
como fumaça
longe dos olhos,
dentro do coração.

quinta-feira, maio 05, 2011

O que não se diz.

ela disse "fim"
eu disse "sim"
e terminou
o que nem mesmo
germinou.
Agora ermo
e desarmado
a sombra é sol
e mal acompanhado.

domingo, maio 01, 2011

Sem Cores

diante do fim:
silêncio
e as cores dela
que vejo a sós,
em mim, na tela
eu, ainda eu
ela, ainda ela
só meia, a dose,
não tem sequela.
o peito duro
(halteres-dores)
de quem malha
não se altera.
resta, agora,
sem mudança
se mudar
pra casa velha.

Band-Aid

alma em calos.
a lingua cala.
o amor, nos sela
nos cancela
em fria cela.
o vôo, solo,
é tão duro
quanto a queda.
o caminho só
do seu suor
não cansa
se teus pares
com os meus
se fazem dança.
o que te expus
ao pé do ouvido
não supunha
que topada.
se não resta mais nem unha
mas se sente
pode ser que a queda
nos acuda
e nos lance
lá pra frente.

domingo, abril 24, 2011

o que nos (p)une

nossa carne, o mesmo gosto
irmãos além do rosto
minha cura e quem me coma
11 a nossa soma

humana, passional
eu, bípede implume
agenda cheia até o natal
tenho no bolso vagalumes.

Ela é funcionária, eu sou dançarino

ela bate cartão
dia e noite
diz ter nervos de aço
ignora o cansaço e o açoite
mas a vida que a leva
na tristeza revela
que da sua janela, tom cinza
observa uma paisagem razinza.
e, de tanto a olhar,
aprendeu que o lugar
dessas coisas de amar
deve estar muito além
ou pedindo vintém
na calçada da esquina.

laminosidade

o que nos une
é o que nos pune.
fomos acesos pelo mesmo lume
mas essa luz não nos resume
gostar, seu corte, tem duplo gume:
doar-se à lâmina
é toda força que se soma
e todo o risco que se assume.
(você, meu bem, feriu profundo
tal como, a noite, o vagalume)

vem ou nuvem?

você me desfolha
castanhos da costa
você me desfalha
deixou-me tão novo
num vai e vem
deixou-me tão nuvem
mas nunca vem
se tem, acabou
basta.
ou só festa
ou se afasta
é nóis ou nó
me Poe na mó
cheirou-me o pó
me curvo, só:
morena,
é agora,
ou nevermore
na
ou nevermore
na
ou nevermore
na

algo bonito

você me refez: é a foz
você é a vez e a voz
atriz: por um triz
e atroz
mas, a sós
sob meu domínio
somos dominós

sexta-feira, março 18, 2011

Puma

Carolina fez-se a sina.
Assassina da tristeza
dominou-me com destreza
o animal de fina crina
que no peito se avoluma:
Carolina, em cada esquina
me espreita
feito Puma.

domingo, fevereiro 20, 2011

Ária

ela é tão aérea
esfera de fina matéria
tão etérea que os otários
lhe são meros corolários.

desintegra itinerários
corações e até artérias
lhe são meros tributários

habitando o imaginário
bicho raro da Aquária
reduziu-me a sem salário.

meu viver, já tão precário
num deserto maquinário
vai a míngua, tolo pária:
ontem, galo de aviário
hoje triste, dromedário.

um trevo.

um trevo na treva.
me atrevo?
sigo através.
a via turva é na trave.
vou de trova e trovoada.

terça-feira, janeiro 18, 2011

Coral II

O Sol que escorre em tua pele
Se derrama na retina.
Não há véu, nublado céu, sequer cortina
que impeça, toque ou meça
a luz que o peito me atravessa
e tua marca em mim assina.
Casca tensa que meu olho masca
degustando tua presença,
tua pele, travesseiro da promessa
é onde cessa o eu que pensa.

Saudades

Te ver de longe
é como se alojar num bonde
e ver a vida passar

pela janela: ela, ela, ela, ela, ela...