domingo, abril 24, 2011

o que nos (p)une

nossa carne, o mesmo gosto
irmãos além do rosto
minha cura e quem me coma
11 a nossa soma

humana, passional
eu, bípede implume
agenda cheia até o natal
tenho no bolso vagalumes.

Ela é funcionária, eu sou dançarino

ela bate cartão
dia e noite
diz ter nervos de aço
ignora o cansaço e o açoite
mas a vida que a leva
na tristeza revela
que da sua janela, tom cinza
observa uma paisagem razinza.
e, de tanto a olhar,
aprendeu que o lugar
dessas coisas de amar
deve estar muito além
ou pedindo vintém
na calçada da esquina.

laminosidade

o que nos une
é o que nos pune.
fomos acesos pelo mesmo lume
mas essa luz não nos resume
gostar, seu corte, tem duplo gume:
doar-se à lâmina
é toda força que se soma
e todo o risco que se assume.
(você, meu bem, feriu profundo
tal como, a noite, o vagalume)

vem ou nuvem?

você me desfolha
castanhos da costa
você me desfalha
deixou-me tão novo
num vai e vem
deixou-me tão nuvem
mas nunca vem
se tem, acabou
basta.
ou só festa
ou se afasta
é nóis ou nó
me Poe na mó
cheirou-me o pó
me curvo, só:
morena,
é agora,
ou nevermore
na
ou nevermore
na
ou nevermore
na

algo bonito

você me refez: é a foz
você é a vez e a voz
atriz: por um triz
e atroz
mas, a sós
sob meu domínio
somos dominós