terça-feira, outubro 30, 2007

A primeira pipoca. ( A voz mais triste - Calado).

Na tarde da primeira pipoca
(a pele ardendo em um grau é testemunha)
descobri-me o riso q nem supunha,
a preencher a boca oca.
Descobri no vento do crepúsculo
(de mechas de manga, em algum olhar de minha infância)
chamas onde não alcançam músculos.
E senti saudades
do que nem sei.
Ao som da tristeza em camera lenta
de passos em poças de Rômulo Fróes,
que corroem a barragem dos olhos,
e me fazem sorrir por sofrer de dor alheia.


terça-feira, outubro 23, 2007

Le renegat (Para Jemes Martins e Tristan Corbiére)

Foi no Sieiro, te juro.
Vi um doar-se, sem dó,
de vela no escuro,
de quem se frequenta, sem freio, o próprio pó.
A outra face a entregar-se sem névoa
ou coisa pouca
ao humano ofertado
nos lábios noivos
da louca.
É por isso que digo do arrojo
renegado
do puro de tanto purgar-se
de todos os nojos.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Fernanda Santiago XXIV (O Esmolé)

Taqui, ó,
mendigando seu batom.
olhe os olhos de faquir...
...tá quase cuia na mão!!!!
Ô, meu bem, um vintém...
Ei, isso não se faz!!!
Fala com ela coração:
-dá um troco, tia, preu dormir em paz!!!

quinta-feira, outubro 18, 2007

Monodiálogo (Para Leopoldo Madrugada)

Poemas?
Meu olho-gordo devora.
O q me vaza dos vazos?
Sei lá...
uma baba faminta ou uma alma.
Mas... ela chora?

sábado, outubro 13, 2007

VIVA VAIA

Eu só acredito na vaia.
O aplauso nasce como um ato piedoso.
É uma satisfação a dar, uma conta a ajustar com o artista bom
e uma concessão criminosa para com o medíocre.
O aplauso quer dizer "...tudo bem, estou onde me deixei".
A vaia não.
Esta traz consigo a indignação de um olhar sincero no espelho.
Olhar q não nos mostra mas sim o Tempo.
A vaia não usa Botox.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Igor e Fernanda (epitáfio para a tristeza)

Faz tanto tempo, de câimbra nos ponteiros,
q hoje, o q escrevo, soará empoeirado.
Mas, ainda q rude o maquinário

(lúbrico, mas não lubrificado),
te direi do riso sem botox q me botou marmoreado,
de arco eterno, o U do "um" em q existimos a ecoar,
esculpindo nas estátuas transeuntes na cidade
o gargalhar do nosso amor
justificado.

quarta-feira, outubro 10, 2007

segunda-feira, outubro 01, 2007

Fernanda Santiago XXIII

meu coração coriza, sem ação.
escorre em seu nariz a grossa gosma
q se enteia à baba q da boca arreia...

Ai meu Deus, será Paixão?